sexta-feira, 13 de março de 2009

Surpresas!!! Pedregulho em São Paulo!




Fomos ontem, eu e a minha mulher, ver “Aspirinas, Cinema e Urubus”, na Sala LL.
Uma tarde de surpresas... boas surpresas.
A sala fica em um espaço que está mais para decadente do que para os charmosos espaços Unibanco, Belas Artes e outros que tais. No atendimento da bilheteria, nada de rapazes e moças de posse de microfones, informando, automaticamente, os horários e os preços. Estava lá um típico nordestino, com a falta de uns dois ou três dentes, que, muito simpático e feliz, nos deu o preço, o troco e, sem a menor cerimônia, simplesmente nos informa que era para esperar uma meia hora, tempo da sessão em andamento terminar.
Conclusão de que não havia sala de espera e a água e o café tinham que ser tomados em alguma lanchonete da galeria. O bom foi, nesse passeio pela galeria, descobrir uma loja de excelentes CDs de música popular. Lá se encontra bons selos, com artistas que vão do Elomar e Helena Meireles a Iamandu Costa, sem esquecer dos velhos e sempre presentes Chico, Elza Soares e muitos outros. Muito boa a loja.
Passada a meia hora, fomos ao que interessava: à Sala LL...
Minha mulher aproveita para comentários: gostava muito das interpretações da LL...que era uma atriz belíssima...que sua filha também é uma atriz competente, não tão bonita como a mãe, mas casada com um dos atores mais bonitos da televisão.
Voltando à sala: feia...muito feia. As paredes cobertas com horríveis carpetes pretos...as cadeiras e o teto vermelhos. Tela pequena. Na sala, apenas eu e a Eva, minha mulher.
Na sala de projeções, vista através de vidros, o nosso bilheteiro nordestino, agora como Alfredo, do “Cinema Paradiso”. Chega uma outra senhora, senta-se à nossa frente e...pasmem...nos cumprimenta:
- “Olá, boa tarde. Estava me esquecendo de cumprimentar os colegas”.
Pouco depois, chega uma outra moça, que não cumprimenta os colegas presentes. Abre lá sua garrafinha de suco e, me pareceu, seguindo todo um ritual, se põe a tomá-lo.
Na porta da sala, aparece um casal, acompanhado de um senhor de terno e gravata. O senhor engravatado informa o número de lugares da sala – 93 lugares – e fala que há uma afluência maior de público em finais de semana e nas sessões noturnas. Pelo papo, percebe-se que o negócio era a venda de espaços publicitários a serem colocados antes dos “trailers” e filmes. O escritório da sala é a sala.
A penúltima surpresa estava para chegar. Preconceituoso que sou e mal acostumado com a OSESP, que anuncia o início dos concertos ao som de trompetes interpretando parte da Alvorada de Lo Schiavo, de Carlos Gomes, tenho ficado muito implicado como o som das campainhas antigas, anunciando o início de espetáculos ou concertos. Detesto aquele “nhéeeeeeemmmmmmm” rouco e fanhoso. Nessa tarde, nada disso: nem os trompetes da Alvorada nem a rouca campainha. Uma mocinha segura as vermelhas cortinas que fecham a sala e, em alto tom, fala com o nosso Alfredo nordestino, agora todo Paradiso:
- “Tá na hora!”
Depois de uns dois ou três “Tá na hora”, as cortinas se fecham, as luzes se apagam e vamos ao que interessa: uma sessão de cinema. O som é bom e, logo, logo, esqueço de tudo, mergulhado no Aspirinas...
Um bom filme e mais surpresas. Eis que, na saída, somos abordados pelo senhor de terno e gravata. Direto e reto, sem mais nem menos, muito simpático, nosso amigo gerente desfila uma série de elogios à “fita” e aos, segundo ele, “desconhecidos atores”.
Fora a “fita”, que me fez muito bem, me senti em Pedregulho, no velho cinema do Salim, assistindo aos velhos bang-bangs do Durango Kid e Roy Rogers. Muito bom!
PS: Escrevi esta pequena história já há uns quatro anos; a indecisão em postá-la, ou torná-la pública, diz respeito ao receio de que a mesma pudesse apresentar, aos leitores, ironia e desrespeito em relação à sala, o que não foi, de modo algum, minha intenção. Respeito muito o projeto da sala e, sempre que posso, volto lá para ver bons filmes e, claro, me lembrar do Cine Central, ou o cinema do Salim, lá na longínqua - tempo e espaço - Pedregulho.

6 comentários:

Anônimo disse...

oi professor... muito a história e, para mim, que sou ansioso, no tamanho certo.

abraços, Maurício

Anônimo disse...

Olá Maurício,
Você, meu rapaz, continua "rápido no gatilho", não?
Obrigado pela visita...
Orlando.

Carlos disse...

Delicioso!

Anônimo disse...

Puxa Seabra,
Que surpresa boa!
Abraços,
Orlando.

Cássia disse...

Fez bem em postar.
Fiquei pensando em você e na mainha, saindo para passear e ver cineminha juntos.
Coisa boa...

Anônimo disse...

Orlando

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