terça-feira, 25 de junho de 2013

AS TRÊS MARIAS–II - INÍCIOS

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Para Didinha a vida na cidade era plena de novidades: tinha luz elétrica, rádio vitrola, sorvete de baunilha e tinha a missa das seis cantada em latim e ela se achava linda dentro do vestido branco e da faixa azul da congregação das filhas de maria; teve também, naqueles inícios de vida na cidade, o pedido de namoro do magro Eduardo, de olhos grandemente tristes, esverdeados, o sorriso sempre escondido sem mostrar os dentes, as mãos enormes com os dedos cobertos de pelos castanhos, unhas bem feitas e a permanente tosse.

O namoro era na sala, os dois sentados um frente ao outro separados pela mesinha de centro e vigiados pelo olhar de Deus que atravessa os telhados, como via no manual das filhas de maria e pelo intermitente pigarrear do pai no quarto avisando que estava acordado; isso sem falar nos movimentos da Emerenciana usando duas bacias para lavar e enxaguar as louças do jantar, e terminando essa tarefa varrendo forte a cozinha, empurrando com a vassoura as cadeiras, barulhenta, quebrando o silêncio da casa e da cidade quieta a dormir: sinal de que as nove horas vinha vindo e que era chegada a hora de terminar o namoro: ele para sua casa e ela para a cama a sonhar. Durante o namoro, entre os intervalos dos acessos de tosse, Eduardo falava da festa do casamento, da casa em que iram morar na fazenda, dos filhos que teriam e que correriam alegres atrás das galinhas no pomar da fazenda, do tão bom que seria vê-los brincando de separar e recolher as vacas do pasto com os cavalinhos de pau e ela quieta, quase sem falar e daquelas conversas a que lhe causava alegria era ter filhos: tinha aprendido a gostar dos confortos dos sorvetes da cidade, da missa das seis e da eletricidade clareando e alongando mais os dias, fazendo demorar a escuridão da noite e seus medos, aliviando os entardeceres que na roça são tristes, doloridos e, melancolicamente, imploram para o sono da noite e o dormir para apressar o novo dia.

Encontrou Cidona, melhor dizendo, falou com ela uma primeira vez por acaso, quando as duas, ainda escuro, iam para a missa das seis e o cachorro do Lázaro avançou pela rua a dentro latindo forte e Cidona medrosa, dando pulos com seu sapato de salto alto e suas pernas finas, gritava deus do céu, mãe de deus e Didinha passou a mão pelo chão, fingindo que ia catar uma pedra e o cachorro fugiu adoidado, rabo entre as pernas, latindo fino: caim, caim, caim, e até fazendo xixi de medo e Cidona soube, pela Didinha, que era assim: tanto os cachorros como as vacas são medrosos dos homens e que o importante, o que bastava era mostrar coragem, e que ela, Didinha, já tinha feito muito touro bravo correr do pedaço de cana que ela tinha nas mãos que ele - o boi - pensava que era um pau de guatambu. Desde então Cidona perdeu o medo do cachorro do Lázaro e sempre que se encontravam se falavam, Didinha ensinava as coisas dos bichos, da roça e Cidona contava das rezas da bíblia, dos cantos sagrados que cantava, das ladainhas que sabia responder em latim, e cochichou no ouvido – pedindo segredo – que de verdade que não entendia o significado nem mesmo dos sabat mater e dos kyries que cantava e as duas riram daquela travessura; Cidona contava também dos bolos que fazia para as festas de casamento que tinha na cidade e da igreja que era ela que enfeitava com hortênsias, palmas de santa rita, avencas e samambaias: e na hora do casamento dos ricos era ela que ainda cantava doces ave marias – com Frei João ao órgão - e depois corria para a festa, ajudava a servir o bolo que havia confeitado, pedaços generosos colocados em pratinhos de papelão decorados, garfinhos pequenos de plástico coloridos, isso tudo tão logo a noiva iniciava, simbolicamente, o corte do bolo e todo mundo fazia um pedido, era ela – Cidona - que corajosa, destrinchava sem dó o tão enfeitado bolo que fizera: cortava e servia em pedaços, ridicava oferecendo pedaços menores para pessoas que não ia muito com a cara, ou que havia feito desfeito a ela por causa de sua cor ou de suas pernas finas, e assim ia descontruindo o bolo e o sonho de sua feitura: o glacê colorido se destrincando, se debulhando e rachando na lâmina branca da faca afiada: bons os bolos que fazia, recheados com doce de leite.

No casamento de Didinha foi Cidona que enfeitou a Igreja e fez o bolo. Na entrada da noiva na igreja – semelhante a uma princesa em seu vestido de organdi branco, a saia enorme arrastando pelo corredor da igreja, nas trêmulas mãos o buquê de flores de jasmim - foi ela – Cidona - quem cantou, Frei João ao órgão, Os Quadros de uma Exposição de Mussorgsky e todas as pessoas saboreando a música, o perfume das rosas e das hortênsias esparramando e inundando todo o corpo da igreja – do altar ao coro -: Didinha toda extremamente bela, não se esquecendo do modo de andar compassado e do sorriso ensaiado na casa de Dona Cecília, que era, na cidade, a que mais entendia de cerimônias de casamento e de fazer vestidos de organdi branco, véus de tule enfeitados com perfumadas e delicadas flores de laranjeira – mas isso tinha que ser em tempos de florada nos laranjais – e Didinha casou-se com Eduardo no friorento mês de julho. Eduardo, o noivo, em seu terno de casimira inglesa e camisa branca, feitos sob medida, exigindo várias seções de experimentar, aperta aqui, ajusta ali, pelo alfaiate Olímpio, esperou a noiva elegante em sua altura e magreza, gravata borboleta preta comprada na capital. Tossia muito e os parentes diziam que era emoção, a mãe rogando a São Gerônimo que a tosse acalmasse para que o filho pudesse dizer sim, sim eu aceito Didinha como minha legítima esposa.

Festa para os convidados: a mesa com o bolo ao centro, um enorme bolo de três andares, todo branco, com flores e corações moldurados em glacê branco, e balas e mais balas de coco, enroladas em papel crepom azul, rosa e amarelo, fazendo o papel de toalha: uma lindeza mais ainda aos olhos das crianças que aguardavam, ansiosas, a hora da Didinha cortar o bolo, e todos tendo que fazer um pedido com os olhos fechados e depois o marido perguntando para a mulher o que ela havia pedido e ela dizendo – séria, contrita - saúde para nossa família e ele mentiu: eu também pedi a mesma coisa, e as mães ensinando os filhos: não pegue mais de uma bala por vez, enfie mais de uma bala na boca, guloso, mostre que é criança educada e não está a morrer de fome. As crianças desobedientes e sempre com a boca cheia de balas e mais ainda as duas mãos coloridas das balas que seguravam e o barulho de festa, o zunzum de conversas...Eduardo tendo que sair, vez ou outra, para o quintal e lá tossir mais livremente: acessos intermináveis de tosse, perdendo o fôlego, catarro e sangue misturados, o rosto vermelho, os olhos enormes esbugalhados pelo esforço de tossir e tossir. Passada a crise voltava recomposto para a sala e cumpria seu papel de receber os parabéns pelo casamento, pela noiva tão bonita e prendada e pela felicidade que, merecidamente, viveriam dali para frente.

No quarto do casal, sobre a cama, o presentes: jogos de pratos e travessas de porcelana, vasos coloridos, panelas de pressão, faqueiros dentro de caixas de madeira, travessas de pirex e envelopes com dinheiro... presentes e seus embrulhos coloridos cobrindo a cama do casal!

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Susto grande por demais, o coração quase saindo pela boca, os olhos não acreditando no que via, no que enxergava, torcendo para tudo aquilo ser um sonho, ou melhor um pesadelo e que logo acordaria e tudo voltaria aos seus normais e ele iria atender seus normais e usuais pacientes: uma mulher no quinto mês de gravidez, um velho ou um moço que caiu do cavalo e quebrou duas costelas, o menino que meteu feijão nos ouvidos, vez ou outra um esfaqueado em briga de bêbados, mas isso era mais em finais de semana ou quermesses e festas de São Pedro, mas enfim os seus doentes de sempre, poucos, pobres em sua maioria, mas rendendo o suficiente para a vida ali na cidade e agora quem ele via, carne e osso, em sua frente: endoideceu de vez Maria de Lourdes? e quando falava – e agora nem falava, tamanho o susto, apenas pensava - assim o nome completo Maria de Lourdes e não Lulu, Luluzinha, ou minha Luluca era sinal que as coisa estava mesmo negra. Pode me dizer o que faz aqui? Vim consultar o médico da cidade, não é você? Entre logo, pelo amor de Deus, sua louca; doida varrida é o que penso que você é. Maria de Lourdes deixou a sala de espera, entrou calmamente no consultório onde sentou frente à mesa de seu amado Vicente: vestia uma saia preta e uma branquíssima blusa de linho. Fale, disse ele. Mudei-me para cá: pedi remoção e hoje à tarde estarei tomando posse de uma minha classe no grupo escolar da cidade. Você enlouqueceu? Por quê? acha tão ruim a vida nesta vila? não gosta de viver aqui? Maria de Lourdes me diga: o que quer? quer bagunçar minha vida? Vim aqui consultar: tenho dores no peito, disse enquanto desabotoava a clara blusa de linho deixando os seios à vista: os bico rosados, empinados, os peitos arfando mostrando –ínfimas e pequenas veias azuis, riozinhos na brancura da neve. Manteve-se calma, peitos às mostra: Não vai me consultar? Não, respondeu seco. Que fazer? Até outro dia. Aqui, nesta cidade, não haverá outro dia: tenho a família, Lourdes, por favor entenda.

Dona Lourdinha abotoou calmamente a blusa de linho e saiu. Não olhou para trás em direção ao pequeno e único hotel da cidade, onde encontrou seu marido. De lá, um pouco mais tarde, foram juntos ao grupo escolar onde assinou o livro marcando a posse e concretizando sua transferência.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

AS TRÊS MARIAS - I – APRESENTAÇÃO

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Não é nada de maria vai com as outras! Esta é a história de três marias, nenhuma delas tipo maria vai com as outras: cada uma das marias tão diferentes em seus corpos e em suas almas, em seus sonhos e em suas pesadas realidades.

A primeira maria, Maria de Fátima: forte e sacudida como uma mineira gosta de ser: tem na pele do rosto meio amarelada, nos negros e lisos cabelos e nos olhos amendoados a marca de sua avó bugre, pega no laço, e usada por seu avô para fazer filhos enquanto buscava diamantes em rios pedregosos. No mais uma mulher de peitos grandes, duros, lembrando um par de mamões bicudos, as nádegas gordas, macias, embora duras e firmes acima de pernas bem torneadas, redondas, fortes e belas. Belas pernas, belo corpo e belo rosto que gostava de mostrar por completo e para isso enrolava os cabelos em um coque bem feito, preso com ramonas negras, firmes e tudo, claramente, se mostrava, se via: sua boca com lábios grossos e dentes brancos, as delicadas orelhas com o pequeno brinco de ouro que foi presente de crisma do padrinho Olívio, pai de seu marido, o Eduardo.

Ficou mulher casada por pouco tempo, coisa de uns seis ou oito meses, menos de um ano, isso com certeza. A tuberculose levou seu marido, deixando-a viúva aos dezenove anos, sem ter provado a contento as delicias da carne, mais fogosas nos inicios do casamento; lindamente viúva, jovem, pouco mais que uma criança e já com o véu negro a cobrir sua cabeça durante a missa das seis.

Maria de Fátima, Dindinha para seus pais - o casal Juca e Olívia Junqueira - e para seus cinco irmãos mais velhos, com quem morava na casa caiada de branco, telhado alto de longas telhas feitas, de barro, nos joelhos, e com todas as portas e janelas tingidas de azul, na fazenda Santa Luzia. Casa grande, bonita, plantada logo abaixo da serra, córrego do Baguaçu correndo forte abaixo do pomar: corria musical para o Rio Grande com cristalinas águas, uma pequena cachoeira, lambaris do rabo vermelho, samambaias, avencas e flor de São João enfeitando suas margens. Mas foi então que a saúde de sua mãe foi se tornando frágil, mais delicada, deixando-a sem forças o suficiente para cumprir com as obrigações e seu Juca resolveu que o melhor era comprar uma casa menor na cidade para onde, logo depois da colheita do café, se mudaram. Mudança que durou um dia: no carro de boi as pesadas coisas: camas, armários, mesa e cadeiras de grossas tábuas de jacarandá, arcas de couro; na carroça, puxada por dois burros, foram as roupas e louças da cozinha. Na charrete Dona Olívia e Dindinha com seu pai ao lado, montado no Mossoró. Os irmãos mais velhos, solteiros, ficaram na fazenda tomando conta de tudo e Dona Olívia ia se livrar, não por preguiça, mas pela saúde fraca, das lidas com a casa grande da fazenda: tratar da criação de porcos e galinhas, fazer queijo com o leite tirado no curral, cuidar do pomar de mangueiras e laranjeiras, e ainda se enfiar na cozinha, fogão a lenha, para diária e rotineiramente – não nas misturas e nos temperos que variava sempre – fazer comida para a família e agregados: muita boa comida. Tanto trabalho e preocupações estavam se mostrando por demais para dona Olívia e sua negra ajudante Emerenciana. Foram, então, para a cidade: pai, mãe, Dindinha e Emerenciana.

A segunda maria: Maria Aparecida, Cidona: negra, alta, magérrima; um pouco desagradável de pensar, mais ainda de falar, mas feia: sim não era uma mulher bonita, de chamar atenção dos homens quando passava pela calçada fazendo toc toc toc com seus sapatos de salto alto. Pernas finas lembrando uma seriema, negra mulher, reta da cabeça aos pés, sem os deliciosos contornos que os peitos e a bunda deixam as mulheres tão especiais com seus caminhares balançosos, requebrantes, sensuais aos olhos dos homens cobiçosos. No negro rosto a boca em forma de concha, os lábios grossos, tingidos sempre de um vermelho escuro, como que segurando os dentes separados que não cabendo direito dentro da boca e inconformados com a prisão dos lábios grossos, apontavam para fora querendo fugir ; o nariz aquilino, a testa larga e os cabelos pichainhos completavam o rosto que se equilibrava - delicado - no alto do pescoço grande e fino, tudo tão em comum com o resto do corpo: fino, frágil, alto, curvado nas costas. Menino é bicho mau e quando Cidona passava pela rua, e o jogo de futebol com bola de pano tinha de ser interrompido diziam: a cobra cipó raspou as pernas da Cidona: por isso é seca, assim! explicando: é que se acreditava que a cobra cipó, dos campos gerais, quando raspava um corpo deixava um veneno que a tudo secava; pouca malvadeza não cabia nas almas dos meninos que continuavam: não vai poder ter filhos porque não tem peitos para dar de mamá! E Cidona passava alheia: limpa, o sorriso quieto, angelical, o olhar viajando para o infinito, para fora do real mundo, buscando visagens, sonhos e felicidades lá longe - depois das serras azuis que cercavam a cidade -; andava sempre a passos lentos, flutuantes, sem requebros, com seu magro e fino corpo. Feliz mesmo é quando cantava: registro de voz de soprano, soprano coloratura, como diria mais tarde Seu Moacir, a linda voz alcançando os altos graves e os baixos agudos com facilidade e potência; nas cerimônias de sexta feira santa, cobria a cabeça com um manto roxo e era uma negra Madalena a cantar o sabat mater; nas missas de domingo – missa das nove – no coro, com Frei Elias no órgão, cabeça coberta com o véu branco da congregação das virgens filhas de maria, deliciava os ouvidos de todos com o tantun ergun, os kyries e os sanctus sanctus. Assistia a duas missas aos domingos: na das seis, crente, comungava o santo corpo de deus e cumpria o preceito de ir às missas aos domingos; terminada a missa das seis, quando o sermão era mais curto, lá pelas sete horas, voltava para casa para acabar como o santo jejum: bebia café com leite, comia bolo de fubá, realizava suas necessidades matinais e fazia um pouco de hora, conversando à beira do fogão com sua mãe, acariciando o gato Neném, que ronronava em seus braços e voltava para a igreja, para a missa das nove: era a missa dos ricos e ela ia para cantar, feliz. Era a vida: da igreja para casa, da casa para a igreja: caseira a Maria Aparecida, a magra negra Cidona!

A terceira maria: Maria de Lourdes. Professora normalista, dona da cadeira no Grupo Escolar da cidade, fama de boa professora, exigente ao ensinar aos alunos do quarto ano os afluentes do lado direito do rio Amazonas, as capitais dos estados e as regras de acentuação das palavras oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas. Mãe de um único filho, que morava e estudava na capital e o que se falava nas esquinas e quintais e nas salas das casas da cidade, mas bem que pode ser coisa de quem não tem o que fazer, porque poucos sabiam mesmo as verdades, mas ali, naqueles silêncios da cidade pequena, cercada por montanhas cinzentas todos gostavam de assuntar a vida alheia, mas o que se dizia de Sérgio, seu filho, que muito pouco aparecia na pequena cidade, é que era fruto de uma desenfreada paixão de dona Lurdinha – era assim que era chamada – por um médico, este já casado pela segunda vez, a primeira mulher morrera, e pai de seis filhos com essas suas duas mulheres. Cochichavam que foi no baile de formatura das normalistas do Caetano de Campos, que Lurdinha dançou a valsa e se apaixonou por Doutor Vicente e que mais tarde se engravidou e sua importante família acomodou a situação casando-a com seu Moacir. Branca, nem alta nem baixa, olhos negros escondidos debaixo de grossas lentes que corrigiam a miopia de mais de quatro graus, cabelos negros, curtos, rosto redondo, boca sensual. O corpo? Bonito em sua fina cinturinha, elogiada até por ciumentas mulheres, médios peitos firmes, bicos negros, pernas redondas, fortes e a bunda com ancas amplas e uma total ausência de barriga. Bem vestida, comprava roupas na capital, onde passava as férias de julho e se dizia que já tinha ido a Paris mais de uma vez, que tinha viajado de transatlântico, que lia livros escritos em francês e gostava de contar dos concertos de orquestra e ópera que, de chapéu cobrindo chiquemente a cabeça, assistia na capital. Se falava, mesmo, que palestrava em francês com maestros, tenores e pianistas de fora. Sabe-se lá: tudo se fala e pensar não é pecado, ainda mais quando não se pensa coisas feias, pecados mortais, veniais. Pequena a cidade para onde veio - por amor - e onde vivia – por amor- : peixe fora d’água no providencialismo estreito e moralista da cidade à beira da serra que a tudo cercava, fechava e cegava: visões, sonhos tampados e impedidos de alcançarem o além serra.